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Refluxo

Tempo de Leitura: 4 min
Atualizado em: 14/07/2023
Sumário

Segundo a Society of American Gastrointestinal and Endoscopic Surgeons, o refluxo é uma condição clínica comum que consiste no retorno involuntário do conteúdo alimentar do estômago para o esôfago. Os alimentos ingeridos pela boca passam pela faringe e pelo esôfago (tubo muscular que conecta a boca até o estômago) até chegarem ao estômago.

O esôfago possui duas importantes válvulas. Uma válvula inferior, próxima ao estômago, e uma válvula superior, próxima à boca. A função da válvula inferior do esôfago é controlar a passagem dos alimentos para o estômago, evitando que o suco gástrico adentre o esôfago. Quando a válvula inferior do esôfago “falha”, o refluxo ocorre.

Na perspectiva médica, o refluxo é abordado como Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), que falaremos a seguir.

O que é a Doença do Refluxo Gastroesofágico?

A doença do refluxo gastroesofágico consiste no refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago de maneira frequente, provocando sinais e sintomas ao paciente e piorando sua qualidade de vida.

A doença do refluxo gastroesofágico é uma doença crônica e recidivante, ou seja, mesmo após melhorar, o paciente pode voltar a desenvolvê-la.

O que causa a Doença do Refluxo Gastroesofágico?

A doença do refluxo gastroesofágico se desenvolve devido a combinação de diversos fatores, como:

  • Relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano inferior;
  • Hipotonia (diminuição do tônus muscular) do esfíncter esofagiano inferior;
  • Hipersensibilidade do esôfago;
  • Hérnia hiatal;
  • Esvaziamento gástrico lentificado;
  • Clareamento esofágico lentificado;
  • Aumento da pressão intra-abdominal (obesidade, gestação, ascite).

Quais são os sintomas da Doença do Refluxo Gastroesofágico?

Os sinais e sintomas da doença do refluxo gastroesofágico incluem regurgitação e sensação de queimação na boca do estômago que irradia para o centro do peito, que é definida como pirose. A pirosa ocorre, geralmente, em torno de 30 a 60 minutos após as refeições. A regurgitação consiste na sensação de retorno de conteúdo ácido à boca.

Outras manifestações, menos comuns, são dor no centro do peito (retroesternal, que significa atrás do osso esterno), sensação de “bola na garganta”, desgaste do esmalte dentário, mau hálito, rouquidão, sinusite crônica, tosse crônica, asma, entre outros.

Sinais de alarme na doença do refluxo gastroesofágico, ou seja, aqueles que vem ser investigados com urgência, são dificuldade ou dor para engolir, perda de peso, sangramento gastrointestinal, anemia crônica, náuseas e vômitos. Outros fatores a serem considerados são idade acima de 40 anos, história familiar de câncer do trato gastrointestinal superior.

Como é o diagnóstico da Doença do Refluxo Gastroesofágico?

A forma de avaliação diagnóstica atualmente segue o consenso de Lyon. O diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico tem como base a avaliação clínica, como tipo, frequência e intensidade dos sintomas, fatores associados à melhora ou piora e os impactos na qualidade de vida. 

Quando não há sinais de alarme, indica-se a realização de um teste de tratamento com uso de inibidores de bomba de prótons (IBP). Se houver melhora dos sintomas, confirma-se o diagnóstico de DRGE.

Quando necessário, pode-se solicitar exames complementares, como a endoscopia digestiva alta (EDA) para avaliação do refluxo. Porém, cerca de metade dos pacientes com DRGE possuem EDA normal. A EDA também pode ser utilizada para coleta de biópsias para uma avaliação mais completa.

Outros exames que podem ser solicitados são a pHmetria, a manometria, a impedanciometria e a radiografia contrastada com bário.

Como funciona o tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico?

Os objetivos do tratamento da doença do refluxo gastroesofágico consistem na melhoria dos sintomas, cicatrização da mucosa e prevenção de complicações. Para isso, associam-se alterações comportamentais, tratamento medicamentoso e até tratamento cirúrgico.

Entre as alterações comportamentais para o tratamento da doença do refluxo gastroesofágico estão: emagrecimento, intervalo de pelo menos 2 a 3 horas após as refeições antes de dormir, elevar a cabeceira da cama, eliminação ou redução de alimentos que possam desencadear os sintomas, como cafeína, álcool, alimentos ácidos e picantes.

O tratamento medicamentoso visa a supressão do ácido do estômago e é realizada por meio dos antiácidos, bloqueadores H2 da histamina, inibidores da bomba de prótons, bloqueador ácido competitivo de potássio e procinéticos.

Já o tratamento cirúrgico é uma opção na presença de hérnia de hiato grandes, falha ao tratamento clínico ou “dependência” de uso constante medicamentos para controle dos sintomas. A técnica cirúrgica mais utilizada nesses casos é a fundoplicatura à Nissen.

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Dr. Francisco Tustumi
Sou Graduado em Medicina, fiz Residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo, Mestre em Ciências em Gastroenterologia e Doutorado em Ciências em Gastroenterologia, especialista em Habilitação e Qualificação em Cirurgia Oncológica do Aparelho Digestivo e em Cirurgia Bariátrica

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