A apendicite ocorre no apêndice vermiforme, que consiste em um pequeno tubo localizado na ceco (parte inicial do intestino grosso). Essa estrutura mede em torno de 8 a 10 e é mais facilmente encontrado no chamado ponto de McBurney, que fica na extremidade inferior direita do abdome.
O apêndice possui função imunológica devido aos diversos folículos linfóides presentes no seu tecido. Falaremos agora da inflamação do apêndice, a apendicite.
A apendicite aguda consiste na inflamação do apêndice vermiforme geralmente associada a infecção. A apendicite é muito comum! Todo mundo conhece alguém ou várias pessoas que já tiveram essa condição. Uma das principais indicações de cirurgia de emergência em jovens ao redor do mundo é a apendicite.
A apendicite possui causa multifatorial, ou seja, vários fatores influenciam seu desenvolvimento. Porém, entre estes, destaca-se a obstrução do lúmen do apêndice vermiforme, mas não necessariamente esse ponto precisa estar presente para o diagnóstico.
Em casos em que há presença de obstrução na apendicite, esta pode acontecer devido a fecalito (bolo fecal endurecido), corpo estranho, parasitas, hiperplasia linfonodal ou tumor. Publicamos um caso anedótico em que a causa da apendicite foi perfuração do apêndice por uma agulha de costura!
A obstrução está associada a hipersecreção de muco e aumento da pressão no lúmen do órgão, que gera distensão, e dor. Essa condição propicia a invasão bacteriana, que gera infecção. O quadro pode evoluir com perfuração do apêndice, desenvolvimento de abscessos e até peritonite, inflamação no abdome.
A apendicite se manifesta principalmente por dor abdominal, podendo também ocorrer ausência de apetite, náuseas e vômitos. A apresentação típica consiste em dor abdominal que piora ao longo de 12 a 24 horas.
Outros sintomas que podem estar presentes são constipação e parada de eliminação de flatos e febre baixa. Manifestações atípicas, mas que podem estar presentes, são disúria e sintomas retais.
No exame físico, pode-se encontrar dor ou defesa à palpação da extremidade inferior (fossa ilíaca) direita do abdome, o que configura o chamado Sinal de McBurney, entre outros sinais que podem ser pesquisados.
O diagnóstico da apendicite pode ser realizado pela história clínica e exame físico detalhados.
A avaliação de possíveis diagnósticos diferenciais deve ser realizada, visto que há outras condições que podem gerar sintomas e sinais semelhantes à apendicite.
Pacientes com condições que dificultem a avaliação, como os extremos de idade (bebês e idosos), mulheres, pacientes com comorbidades, entre outros, necessitam de avaliação complementar para o diagnóstico de apendicite.
Exames laboratoriais e de imagem podem ser realizados na avaliação da apendicite, se necessário. Entre os laboratoriais, destaca-se o leucograma, proteína C-reativa e velocidade de hemossedimentação. A análise de urina também pode estar alterada. E atenção: todas as mulheres em idade fértil devem realizar teste de gravidez!
Já entre os exames de imagem, sugere-se principalmente a ultrassonografia ou a tomografia computadorizada.
O tratamento da apendicite consiste na remoção do apêndice vermiforme por cirurgia (apendicectomia). A apendicectomia pode ser realizada por via laparotômica aberta convencional ou por laparoscopia (videocirurgia). A escolha do método dependerá de comorbidades, histórico de cirurgias prévias, entre outros.
O uso de antibióticos é recomendado na maioria das vezes na apendicectomia, pois parece reduzir o número de complicações pós-operatórias. A principal complicação da apendicectomia é a infecção, que pode acometer a ferida operatória e até propiciar o desenvolvimento de abscessos.