Agende sua consulta

Quando a azia pode ser um sinal de algo mais grave: entenda o Refluxo e o Esôfago de Barrett

Tempo de Leitura: 4 min
Atualizado em: 28/04/2025
Sumário

Neste artigo, você vai entender o que é o esôfago de Barrett, uma lesão crônica causada pelo refluxo ácido. Explicamos quem é mais afetado, os sintomas mais comuns (ou a ausência deles), o risco real de câncer, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento disponíveis. Se você convive com refluxo gastroesofágico (DRGE), é fundamental conhecer essa condição silenciosa que pode evoluir com o tempo — e aprender a controlá-la precocemente.


O que é o Esôfago de Barrett?

O esôfago de Barrett é uma alteração crônica no revestimento do esôfago provocada pelo contato frequente com o ácido do estômago. Ele ocorre como consequência da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), quando o conteúdo ácido e enzimático do estômago retorna repetidamente ao esôfago, causando inflamação contínua. Com o tempo, essa agressão leva à substituição do epitélio esofágico normal (escamoso) por um tecido semelhante ao do intestino — um processo chamado metaplasia intestinal.

Essa mudança celular é considerada uma lesão pré-maligna, pois aumenta o risco de câncer de esôfago. No entanto, vale destacar que a maioria dos pacientes com Barrett não desenvolverá câncer, especialmente com acompanhamento adequado.


Lesão Crônica no Esôfago Causada pelo Refluxo Ácido

O refluxo ácido é o principal causador do esôfago de Barrett. Quando o conteúdo gástrico sobe para o esôfago com frequência, ele agride repetidamente a mucosa, resultando em inflamações que, ao longo dos anos, levam à substituição das células normais. Essa lesão crônica muda completamente o ambiente celular do esôfago e representa um estágio mais avançado da DRGE, que não pode ser negligenciado.

É importante lembrar que nem sempre o refluxo é percebido pelo paciente. Em alguns casos, ele é silencioso, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador.


Quem o Esôfago de Barrett Afeta com Mais Frequência?

Embora possa ocorrer em diferentes perfis, o esôfago de Barrett afeta mais frequentemente homens brancos, acima de 50 anos, com histórico de refluxo crônico não tratado ou mal controlado. Outros fatores de risco incluem:

  • Obesidade abdominal (gordura localizada no abdome);
  • Tabagismo (atual ou prévio);
  • Histórico familiar de esôfago de Barrett ou câncer de esôfago;
  • Consumo frequente de álcool;
  • Dietas ricas em gordura e alimentos processados.

Estudos apontam que 5 a 15% dos pacientes com DRGE crônica podem desenvolver Barrett, embora esse número possa ser maior em populações de risco não triadas.


Sintomas: Pode Ser Assintomático

Um dos grandes desafios do esôfago de Barrett é que ele pode ser totalmente assintomático. Muitos pacientes descobrem a condição por acaso, ao realizar uma endoscopia digestiva por outro motivo.

Quando há sintomas, eles costumam ser semelhantes aos da DRGE, incluindo:

  • Azia ou queimação no peito;
  • Regurgitação ácida (sensação de líquido ácido voltando à boca);
  • Dor ou desconforto ao engolir alimentos;
  • Tosse crônica ou rouquidão, especialmente pela manhã.

É importante lembrar: mesmo sem sintomas, o esôfago pode estar sendo lesionado.

Saiba mais sobre os sintomas de refluxo e como tratá-los clicando aqui.


Risco de Câncer: Entenda o Verdadeiro Perigo

O esôfago de Barrett aumenta o risco de desenvolver adenocarcinoma de esôfago, um tipo agressivo de câncer. Mas é essencial contextualizar: o risco absoluto ainda é considerado baixo. Estima-se que apenas 0,1% a 0,5% dos pacientes com Barrett evoluam para câncer a cada ano.

Contudo, o risco aumenta quando há displasia de alto grau (alterações celulares mais intensas), o que justifica a importância do monitoramento endoscópico periódico para identificação precoce dessas alterações [https://revistaabcd.org.br/adenocarcinoma-and-dysplasia-in-barrett-esophagus-critical-analysis-of-risk-factors-and-surveillance-protocols/].

Diagnosticar o esôfago de Barrett precocemente permite acompanhar e tratar as mudanças celulares antes que evoluam para algo mais grave.


Diagnóstico: Endoscopia Digestiva Alta com Biópsia

O exame padrão-ouro para diagnosticar o esôfago de Barrett é a endoscopia digestiva alta. Durante o exame, um tubo fino e flexível com uma câmera é introduzido pela boca até o esôfago, possibilitando a visualização direta da mucosa. Áreas suspeitas, com coloração ou textura alterada, podem ser biopsiadas.

A biópsia é essencial para confirmar a presença de metaplasia intestinal — ou seja, para determinar se o tecido esofágico foi realmente substituído por células tipo intestinais, típicas do Barrett.

O exame é realizado com sedação leve, é indolor e tem excelente tolerância pelos pacientes.


Tratamento: O Que Fazer Após o Diagnóstico

O tratamento do esôfago de Barrett é focado em controlar o refluxo ácido e impedir a progressão da lesão. As principais estratégias incluem:

1. Medicamentos

O uso de inibidores da bomba de prótons (IBPs) é a principal abordagem medicamentosa. Eles reduzem significativamente a produção de ácido gástrico e ajudam a evitar novas lesões.

2. Mudança de Hábitos e Alimentação

  • Evitar alimentos gordurosos, picantes, bebidas alcoólicas e gaseificadas;
  • Não se deitar após as refeições;
  • Manter um peso saudável;
  • Elevar a cabeceira da cama em pelo menos 15cm.

3. Cirurgia Antirrefluxo

Indicada em casos de refluxo de difícil controle com medicamentos ou em pacientes jovens. A cirurgia corrige a válvula natural entre o esôfago e o estômago, impedindo o retorno do ácido.

4. Ablativo Endoscópico (Ablação por Radiofrequência)

Para pacientes com displasia de baixo ou alto grau, a ablação por radiofrequência é uma técnica moderna e eficaz. Ela utiliza calor controlado para remover o tecido alterado, permitindo o crescimento de um novo revestimento esofágico saudável.


Conclusão: Não Ignore os Sintomas e Faça o Acompanhamento

Mesmo que o esôfago de Barrett não apresente sintomas específicos, ele pode estar presente silenciosamente em quem tem refluxo crônico. O diagnóstico precoce, feito por endoscopia, permite monitorar e tratar a condição antes que ela evolua.

Se você tem azia frequente, histórico familiar de câncer esofágico ou fatores de risco, converse com seu médico sobre a necessidade de realizar uma endoscopia. Com tratamento e vigilância adequados, é possível viver com segurança e prevenir complicações.

Vídeo explicativo sobre esôfago de Barrett: https://youtu.be/2rGK1hAYVkk

Gostou do conteúdo? Compartilhe!
Dr. Francisco Tustumi
Sou Graduado em Medicina, fiz Residência Médica em Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo, Mestre em Ciências em Gastroenterologia e Doutorado em Ciências em Gastroenterologia, especialista em Habilitação e Qualificação em Cirurgia Oncológica do Aparelho Digestivo e em Cirurgia Bariátrica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agende sua
Consulta

Atendemos Convênios só por reembolso
AGENDE AQUI
magnifiercrosschevron-down