Esôfago - Dr. Francisco Tustumi https://franciscotustumi.com.br Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo Thu, 12 Jun 2025 14:03:26 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.3 https://franciscotustumi.com.br/wp-content/uploads/2023/01/favicon-150x150.jpg Esôfago - Dr. Francisco Tustumi https://franciscotustumi.com.br 32 32 Quando a azia pode ser um sinal de algo mais grave: entenda o Refluxo e o Esôfago de Barrett https://franciscotustumi.com.br/quando-a-azia-pode-ser-um-sinal-de-algo-mais-grave-entenda-o-refluxo-e-o-esofago-de-barrett/ https://franciscotustumi.com.br/quando-a-azia-pode-ser-um-sinal-de-algo-mais-grave-entenda-o-refluxo-e-o-esofago-de-barrett/#respond Mon, 28 Apr 2025 12:26:02 +0000 https://franciscotustumi.com.br/?p=1122 Neste artigo, você vai entender o que é o esôfago de Barrett, uma lesão crônica causada pelo refluxo ácido. Explicamos quem é mais afetado, os sintomas mais comuns (ou a ausência deles), o risco real de câncer, como é feito o diagnóstico e quais são as opções de tratamento disponíveis. Se você convive com refluxo gastroesofágico (DRGE), é fundamental conhecer essa condição silenciosa que pode evoluir com o tempo — e aprender a controlá-la precocemente.

O que é o Esôfago de Barrett?

O esôfago de Barrett é uma alteração crônica no revestimento do esôfago provocada pelo contato frequente com o ácido do estômago. Ele ocorre como consequência da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), quando o conteúdo ácido e enzimático do estômago retorna repetidamente ao esôfago, causando inflamação contínua. Com o tempo, essa agressão leva à substituição do epitélio esofágico normal (escamoso) por um tecido semelhante ao do intestino — um processo chamado metaplasia intestinal.

Essa mudança celular é considerada uma lesão pré-maligna, pois aumenta o risco de câncer de esôfago. No entanto, vale destacar que a maioria dos pacientes com Barrett não desenvolverá câncer, especialmente com acompanhamento adequado.

Lesão Crônica no Esôfago Causada pelo Refluxo Ácido

O refluxo ácido é o principal causador do esôfago de Barrett. Quando o conteúdo gástrico sobe para o esôfago com frequência, ele agride repetidamente a mucosa, resultando em inflamações que, ao longo dos anos, levam à substituição das células normais. Essa lesão crônica muda completamente o ambiente celular do esôfago e representa um estágio mais avançado da DRGE, que não pode ser negligenciado.

É importante lembrar que nem sempre o refluxo é percebido pelo paciente. Em alguns casos, ele é silencioso, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador.

Quem o Esôfago de Barrett Afeta com Mais Frequência?

Embora possa ocorrer em diferentes perfis, o esôfago de Barrett afeta mais frequentemente homens brancos, acima de 50 anos, com histórico de refluxo crônico não tratado ou mal controlado. Outros fatores de risco incluem:

  • Obesidade abdominal (gordura localizada no abdome);
  • Tabagismo (atual ou prévio);
  • Histórico familiar de esôfago de Barrett ou câncer de esôfago;
  • Consumo frequente de álcool;
  • Dietas ricas em gordura e alimentos processados.

Estudos apontam que 5 a 15% dos pacientes com DRGE crônica podem desenvolver Barrett, embora esse número possa ser maior em populações de risco não triadas.

Sintomas: Pode Ser Assintomático

Um dos grandes desafios do esôfago de Barrett é que ele pode ser totalmente assintomático. Muitos pacientes descobrem a condição por acaso, ao realizar uma endoscopia digestiva por outro motivo.

Quando há sintomas, eles costumam ser semelhantes aos da DRGE, incluindo:

  • Azia ou queimação no peito;
  • Regurgitação ácida (sensação de líquido ácido voltando à boca);
  • Dor ou desconforto ao engolir alimentos;
  • Tosse crônica ou rouquidão, especialmente pela manhã.

É importante lembrar: mesmo sem sintomas, o esôfago pode estar sendo lesionado.

Saiba mais sobre os sintomas de refluxo e como tratá-los clicando aqui.

Risco de Câncer: Entenda o Verdadeiro Perigo

O esôfago de Barrett aumenta o risco de desenvolver adenocarcinoma de esôfago, um tipo agressivo de câncer. Mas é essencial contextualizar: o risco absoluto ainda é considerado baixo. Estima-se que apenas 0,1% a 0,5% dos pacientes com Barrett evoluam para câncer a cada ano.

Contudo, o risco aumenta quando há displasia de alto grau (alterações celulares mais intensas), o que justifica a importância do monitoramento endoscópico periódico para identificação precoce dessas alterações.

Diagnosticar o esôfago de Barrett precocemente permite acompanhar e tratar as mudanças celulares antes que evoluam para algo mais grave.

Diagnóstico: Endoscopia Digestiva Alta com Biópsia

O exame padrão-ouro para diagnosticar o esôfago de Barrett é a endoscopia digestiva alta. Durante o exame, um tubo fino e flexível com uma câmera é introduzido pela boca até o esôfago, possibilitando a visualização direta da mucosa. Áreas suspeitas, com coloração ou textura alterada, podem ser biopsiadas.

A biópsia é essencial para confirmar a presença de metaplasia intestinal — ou seja, para determinar se o tecido esofágico foi realmente substituído por células tipo intestinais, típicas do Barrett.

O exame é realizado com sedação leve, é indolor e tem excelente tolerância pelos pacientes.

Tratamento: O Que Fazer Após o Diagnóstico

O tratamento do esôfago de Barrett é focado em controlar o refluxo ácido e impedir a progressão da lesão. As principais estratégias incluem:

1. Medicamentos

O uso de inibidores da bomba de prótons (IBPs) é a principal abordagem medicamentosa. Eles reduzem significativamente a produção de ácido gástrico e ajudam a evitar novas lesões.

2. Mudança de Hábitos e Alimentação

  • Evitar alimentos gordurosos, picantes, bebidas alcoólicas e gaseificadas;
  • Não se deitar após as refeições;
  • Manter um peso saudável;
  • Elevar a cabeceira da cama em pelo menos 15cm.

3. Cirurgia Antirrefluxo

Indicada em casos de refluxo de difícil controle com medicamentos ou em pacientes jovens. A cirurgia corrige a válvula natural entre o esôfago e o estômago, impedindo o retorno do ácido.

4. Ablativo Endoscópico (Ablação por Radiofrequência)

Para pacientes com displasia de baixo ou alto grau, a ablação por radiofrequência é uma técnica moderna e eficaz. Ela utiliza calor controlado para remover o tecido alterado, permitindo o crescimento de um novo revestimento esofágico saudável.

Conclusão: Não Ignore os Sintomas e Faça o Acompanhamento

Mesmo que o esôfago de Barrett não apresente sintomas específicos, ele pode estar presente silenciosamente em quem tem refluxo crônico. O diagnóstico precoce, feito por endoscopia, permite monitorar e tratar a condição antes que ela evolua.

Se você tem azia frequente, histórico familiar de câncer esofágico ou fatores de risco, converse com seu médico sobre a necessidade de realizar uma endoscopia. Com tratamento e vigilância adequados, é possível viver com segurança e prevenir complicações.

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Acalasia: Entendendo o Distúrbio que Afeta a Deglutição https://franciscotustumi.com.br/acalasia-entendendo-o-disturbio-que-afeta-a-degluticao/ https://franciscotustumi.com.br/acalasia-entendendo-o-disturbio-que-afeta-a-degluticao/#respond Mon, 14 Apr 2025 12:51:39 +0000 https://franciscotustumi.com.br/?p=1115 A acalasia é uma condição rara que prejudica a capacidade do esôfago de mover alimentos em direção ao estômago, causando dificuldades para engolir e outros sintomas desconfortáveis. Este artigo explora as causas, sintomas, diagnóstico e opções de tratamento da acalasia, oferecendo uma visão abrangente para leigos interessados em compreender melhor esse distúrbio esofágico.​

O que é Acalasia?

A acalasia é um distúrbio raro do esôfago que afeta a capacidade deste órgão de mover alimentos em direção ao estômago. O esôfago é um tubo muscular que transporta alimentos e líquidos da boca para o estômago. Na acalasia, o esfíncter esofágico inferior (EEI) – uma válvula muscular que se abre para permitir a passagem dos alimentos para o estômago – não relaxa adequadamente durante a deglutição. Além disso, os músculos do esôfago podem perder sua capacidade de realizar as contrações necessárias para empurrar o alimento, resultando em dificuldade para engolir e outros sintomas.​

Causas da Acalasia

Embora a causa exata da acalasia não seja completamente compreendida, acredita-se que fatores como a degeneração dos nervos do esôfago possam estar envolvidos. Possíveis causas e fatores de risco incluem:​

  • Doenças autoimunes: O sistema imunológico ataca erroneamente as células nervosas do esôfago.​
  • Infecções virais: Algumas infecções podem desencadear a degeneração nervosa.​
  • Fatores genéticos: Embora raro, há casos familiares de acalasia, sugerindo uma possível predisposição genética.​

Sintomas Comuns

Os sintomas da acalasia geralmente se desenvolvem gradualmente e podem incluir:​

  • Disfagia: Dificuldade para engolir alimentos sólidos e líquidos.​
  • Regurgitação: Retorno de alimentos não digeridos à boca.​
  • Dor torácica: Desconforto ou dor no peito, especialmente após as refeições.​
  • Perda de peso: Devido à ingestão inadequada de nutrientes.​
  • Pirose: Sensação de queimação no peito, frequentemente confundida com azia.​

Diagnóstico da Acalasia

Para diagnosticar a acalasia, os médicos podem solicitar os seguintes exames:​

  • Esofagomanometria: Mede a pressão e as contrações musculares do esôfago durante a deglutição.​
  • Esofagograma baritado: Radiografia do esôfago após a ingestão de um líquido de contraste para visualizar o trânsito esofágico.​
  • Endoscopia digestiva alta: Exame que permite visualizar diretamente o interior do esôfago e do estômago, descartando outras condições.​

Opções de Tratamento

Embora não haja cura definitiva para a acalasia, existem tratamentos que visam aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida:​

  • Dilatação pneumática: Procedimento que utiliza um balão para expandir o EEI, realizado por endoscopia.
  • Cirurgia (miotomia de Heller): Cirurgia minimamente invasiva para cortar as fibras musculares do EEI, permitindo seu relaxamento.​
  • POEM: Procedimento realizado por endoscopia, seccionando o EEI.
  • Medicamentos: Bloqueadores de canais de cálcio ou nitratos podem ser prescritos para relaxar o EEI, embora sua eficácia seja limitada.​

Considerações Finais

A acalasia é uma condição rara que pode impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para o manejo eficaz dos sintomas. Se você ou alguém que conhece apresenta sintomas sugestivos de acalasia, é fundamental procurar orientação médica para avaliação e intervenção apropriada.

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Tudo sobre AZIA. O que fazer para acabar com a QUEIMAÇÃO constante? https://franciscotustumi.com.br/tudo-sobre-azia-o-que-fazer-para-acabar-com-a-queimacao-constante/ https://franciscotustumi.com.br/tudo-sobre-azia-o-que-fazer-para-acabar-com-a-queimacao-constante/#respond Mon, 10 Feb 2025 12:49:52 +0000 https://franciscotustumi.com.br/?p=1081

Entre o tórax e o abdômen encontra-se um dos músculos mais importantes que você talvez nem sabia que existia: o Esfíncter Esofágico Inferior. Esse músculo em forma de anel desempenha um papel crucial na digestão, impedindo que o ácido estomacal volte para o esôfago. Quando funciona bem, mal percebemos sua presença. Mas, quando falha, pode causar um desconforto familiar para muitos: a azia, aquela sensação de queimação no peito, às vezes acompanhada por um gosto ácido desagradável na boca.

Embora a azia ocasional seja comum, quando os episódios se tornam frequentes – duas vezes por semana ou mais – é possível que estejamos lidando com a Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)

Mas o que leva a esse problema? Como evitá-lo? Vamos explorar!

O Papel do Esfíncter Esofágico Inferior na Digestão

O Esfíncter Esofágico Inferior é um músculo circular controlado por um sistema complexo de raízes nervosas conectadas ao cérebro. Sua função principal é criar uma barreira de alta pressão para evitar o retorno do conteúdo estomacal ao esôfago.

Quando esse músculo enfraquece ou relaxa no momento errado, ele perde a capacidade de manter o ácido no estômago. Isso resulta no refluxo ácido, que pode causar desde desconforto leve até inflamações graves no esôfago.

Fatores de Risco: Por Que o Refluxo Acontece?

Vários fatores podem interferir no funcionamento do esfíncter, incluindo:

1. Alimentação

  • Alimentos que relaxam o esfíncter: Café, hortelã e chocolate;
  • Irritantes do esôfago: Tomates, frutas cítricas e alimentos ácidos;
  • Bebidas gaseificadas: O gás pode forçar a abertura do esfíncter.

2. Estilo de Vida

  • Fumo: A nicotina relaxa o músculo;
  • Álcool: O consumo excessivo de álcool pode inflamar o esôfago;
  • Obesidade: O excesso de peso aumenta a pressão sobre o estômago e aumenta risco para desenvolvimento de hérnias de hiato.

3. Condições Especiais

  • Gravidez: Alterações hormonais e a pressão do bebê no abdômen favorecem que o alimento volte do estômago para o esôfago;
  • Hérnia de hiato: Uma anomalia que compromete a barreira antirrefluxo.

4. Medicamentos

Certos remédios, como os usados para tratar asma, hipertensão e depressão, podem enfraquecer o esfíncter ou aumentar a produção de ácido estomacal.

Sinais de Alerta: Quando Procurar Ajuda

Enquanto episódios ocasionais de azia são normais, sintomas persistentes podem indicar problemas mais graves, como:

  • Esofagite: Inflamação do esôfago causada pelo contato prolongado com o ácido.
  • Estreitamento do esôfago: Devido à formação de cicatrizes.
  • Esôfago de Barrett: Alterações celulares que aumentam o risco de câncer.

Se você sente azia frequente ou dificuldade para engolir, é hora de buscar orientação médica.

Opções de Tratamento

O tratamento varia de acordo com a gravidade dos sintomas:

1. Mudanças no Estilo de Vida

  • Reduzir o consumo de alimentos gatilho;
  • Evitar fumar e beber álcool;
  • Manter um peso saudável.

2. Medicações

  • Antiácidos: Neutralizam o ácido estomacal;
  • Bloqueadores de ácido: Reduzem a produção de ácido pelo estômago;
  • Protetores de mucosa: Ajudam a proteger o revestimento do esôfago.

3. Cirurgia

Nos casos mais graves, a cirurgia pode ser necessária. O procedimento mais comum é a fundoplicatura, que utiliza uma parte do estômago para reforçar a barreira antirrefluxo. Em um estudo realizado por nossa equipe, no Hospital das Clínicas da USP, demonstrou que a cirurgia é mais eficaz para diminuir risco de câncer de esôfago em casos de esôfago de Barrett.
No entanto, é necessária uma avaliação pré-operatória adequada para saber se, de fato, a fundoplicatura está indicada.

Prevenção: Pequenas Mudanças, Grandes Resultados

A boa notícia é que, na maioria das vezes, a azia pode ser prevenida. Algumas dicas incluem:

  • Fazer refeições menores e evitar deitar-se logo após comer;
  • Elevar a cabeceira da cama para reduzir o refluxo noturno;
  • Incorporar exercícios regulares à sua rotina para manter o peso ideal.

Conclusão

Embora a azia possa parecer uma queixa simples, ela pode ter um impacto significativo na qualidade de vida se não tratada adequadamente. Entender as causas e os fatores de risco é o primeiro passo para prevenir e tratar o problema. Cuide do seu corpo, dê atenção ao seu esfíncter e diga adeus àquela sensação incômoda de queimação no peito!

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